Se não me falha a memória – Lembranças pessoais da AD 77

1 – A chegada à nova casa, onde conviveríamos por seis anos, foi celebrada pelos veteranos da FFCMPA com todo o “espírito de fraternidade”.
Nos pintaram, cortaram os cabelos (dos homens), serviram drinks de cadaverina e gentilmente nos obrigaram a participar de algumas “brincadeiras”.
No meu caso, como naquela época estavam começando as obras do Túnel da Conceição, fui solicitado a medir a extensão do trecho já escavado, com um palito de fósforo. Não lembro mais o número final, mas foi gigantesco, mesmo para que ainda não tinha dores nas costas, como agora!
Mas estávamos todos muito felizes por termos alcançado um objetivo almejado por muitos, mas conseguido por poucos.

2 – As inesquecíveis aulas de anatomia, que nos faziam “chorar de alegria” (formol), entremeadas com “brincadeiras”, como colocar a parte íntima masculina dentro da bolsa de alguma colega mulher, imaginando a surpresa que causaria sua descoberta posterior. Mas fomos nos adaptando, ao ponto de, quando chegava a época das provas de conhecimento, muitos estudavam e comiam um lanche ao mesmo tempo, para não perder tempo.
3 – Enquanto foi possível, por causa do início dos estágios, os “guris” jogaram partidas disputadíssimas de futebol de salão (sem o salão) no campo de concreto existente nos fundos da faculdade, próximo à escadaria que dava acesso à Santa Casa. O nome do time em que eu jogava (ou achava que jogava) era o “Pistulin”. Não lembro o motivo pelo qual escolhemos este nome, nem o que significa, mas eram sempre “jogos de campeonato mundial”, disputadíssimos (entre xingamentos e contusões).

4 – O Centro Acadêmico XXIII de Março, antes de virar cinzas, foi um local muito frequentado nos intervalos das aulas para descanso e por aqueles que simplesmente “matavam aula”.Lembro perfeitamente, de modéstia à parte, ser muito bom no Fla-Flu (habilidade adquirida já à época em que estudei no Colégio Anchieta). Entretanto, uma negação no Ping-Pong. Recordo que estes jogos eram de propriedade de um colega nosso (não lembro o nome) que os arrendava para o ecônomo do local.
Queimou porque, como hoje sabemos, bastaria ter obstruído com um dedo da mão o orifício do botijão de GLP P13 que era utilizado para aquecer os alimentos ali disponibilizados aos frequentadores.

5 – O Centro Acadêmico possuía um mezanino, onde havia uma sala utilizada para reuniões “secretas”, ou também não tão secretas. Para mim era um local de trabalho, pois havia um mimeógrafo, onde imprimia as páginas com o conteúdo datilografado, copiado das fitas K7 de algumas aulas que eu gravava, fazendo polígrafos que depois eram vendidos a preços módicos aos colegas interassados.

6 – Indispensável mencionar as fotografias da turma, tomadas durante os estágios, tanto pelo Breno Riegel quanto por mim, que registraram momentos descontraídos daquele período. Era eu que revelava as fotografias em uma despensa (transformada em quarto escuro apropriado) no apartamento da família dele. Muitos de vocês ainda devem ter tais recordações. Vou procurar os negativos.

7 – Inesquecíveis as discussões e votações sobre se devíamos ou não ter uma cerimônia de formatura. Para minha felicidade e com a participação de uma colega, cujo nome infelizmente não recordo, conseguimos quorum suficiente para realizá-la. Momentos inesquecíveis antes, durante e depois!

8 – O estágio de 6º ano foi cumprido no Hospital Ernesto Dornelles, bem como a posterior Residência em Clínica Médica. Por já estar trabalhando no laboratório de análises clínicas (bioquímica) desde o quarto ano da faculdade, estabeleci relações de amizade com várias pessoas da instituição, que até então recebia estagiários apenas do interior do Estado. Após muita argumentação, consegui que o Hospital abrisse vagas para doutorandos de Porto Alegre, dentre eles o Augusto e eu. Por falar nisso, o Augusto, quando da escolha de qual doutorando faria o primeiro plantão junto com o R1, tinha tanta certeza que seria “eleito” para tanto (e foi), que levou escova e pasta de dentes consigo para a reunião.

9 – Posteriormente, em 1979, foi no prédio de nossa faculdade que fiz o curso de Pós-graduação em Medicina do Trabalho, seguido mais tarde de prova para a obtenção do Título de Especialista, prestada durante um Congresso em Curitiba, o qual ostento com muito orgulho e é a atividade que exerço exclusivamente há muitos anos.

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